Existir I
É essencial saber por onde vagueamos física e mentalmente para que nunca percamos consciência da nossa existência, que nos percamos em nós próprios e nos demais, mas, que nunca nos esqueçamos dos trilhos que nos trazem de volta a nós.
Há processos que tais que nos deixam estupefactos pela rapidez como se processam e como criam uma quantidade enorme de substância inexistente ou incapaz de desabrochar à falta dos demais estímulos. O nosso pensamento quando subjugado aos demais estímulos cria por sua vez ideias que facilmente, tendo em conta a especificidade dos estímulos, criam, à nossa revelia, os mais encantadores e penosos sentimentos. Somos como que receptores de estímulos cujo livre arbítrio dos mesmos depende da mensagem difundida de forma directa ou codificada pelo emissor da mensagem, vulgo, o outro. Mensagens essas, em forma de palavras, atitudes, gestos, semblantes, são tantos os canais de difusão da dita mensagem, que é fácil perdermos-nos no processamento de tanta e tão pouca coisa que nos é transmitida. É nesse preciso momento que, e por mais que tentemos, perdemos o controlo na forma como o nosso pensamento evolui sobre qualquer que seja a situação que nos encontremos.
Pasmado, ou será encantado? Não consigo distinguir, perdido nesta ânsia de te ter, um certo egoísmo admito, algo que não reconheço em mim próprio, mas o que hei eu de fazer, lutar contra a matéria do meu ser? Ou deixar-me ir, esperar para ver. Confesso que tudo isto me deixa envolto num transtorno profundo, serei eu merecedor de tudo isto, se sim, que é tudo isto? Terei eu de passar por tudo isto para te poder lá alcançar, pudera eu saber, porque cada vez mais me sinto frágil e impaciente, serei eu assim como toda a gente? Se assim for assim o aceito, perdido e prostrado aos sentimentos que em mim despertas.
Porque me continuas a encantar, por mais incompreensão que em mim possas causar.
Porquanto não somos mais
Que um mero animal
Desprovidos de razão existencial
Um tanto paradoxais
Trémulas criaturas
Perdidas nas alturas
Com vontades e desejos
Próprios de cada qual
O pensamento, é independente do ser
Existe por si próprio
Projecção plácida
Sem substância tácita
Própria a cada qual
Sem necessidade material
Metafísica conceptual
Ser sou sem saber tal
Considero que de facto pouco sabemos acerca do que quer que seja, rodeios humanos de cariz supérfluo, imaginamos e acreditamos que há um conjunto de regras de teor físico e quântico que rege tanto vazio e tão pouco nada, tudo pela incessante procura de motivo/razão que explique o porquê de sermos ser consciente e racional, inclinados para uma auto destruição que muito pouco ou nada tem de excepcional. E assim continuamos, a ver vamos onde iremos nós ou outros que depois de nós com tanto terão de lidar.
Vaguear assim por ti por tanto te querer, incontrolável é este meu ser sem cansaço que o demova de te percorrer, desejoso de te poder ter e sobretudo amar cobres-me de tantas grandes e pequenas sensações, sem de ti nunca conseguir saber o que esperar. E assim fico e assim estou, sem sequer entender o meu próprio pensar, nem contra ele poder lutar, o que mais posso fazer que cá continuar e aguardar pelo que o nosso tempo nos queira mostrar.